segunda-feira, 26 de abril de 2021

‘Transtornada’, cantora buscou PM menos de 2 horas antes de morrer

 

‘Transtornada’, cantora buscou PM menos de 2 horas antes de morrer -

“Bastante transtornada” e com “dificuldades em falar por estar chorando bastante”, a cantora e influenciadora Lívvia Bicalho, de 37 anos, procurou ajuda da Polícia Militar (PM) menos de duas horas antes de ser encontrada morta, na última quarta-feira (21).

Foi exatamente às 11h39 daquele dia que a polícia recebeu a comunicação desse pedido de ajuda, e registrou um primeiro boletim de ocorrência, que só foi encerrado às 12h32. Às 13h, a PM voltou a ser acionada, desta vez com a comunicação do assassinato de Lívvia, encontrada ao lado do corpo de seu ex-namorado Rafael Ribeiro, suspeito de atirar nela e se matar em seguida.

Filha fala que mãe estava sendo perseguida
Na manhã daquela quarta-feira, Lívvia se dirigiu ao presídio de João Monlevade e ligou para o 190, dizendo que queria fazer uma denúncia contra o ex-namorado.

“Perguntada de que se tratava tal denúncia, ela apresentou dificuldades em falar por estar chorando bastante”, diz o texto do boletim de ocorrência.
Ela foi orientada, então, a ir até o quartel da polícia. Lá, os militares ligaram para a filha de Lívvia, Júlia Bicalho, de 19 anos, que disse que a mãe estava “sendo perseguida” por Rafael.

’45 horas para retirar tudo’
Lívvia disse aos policiais que Rafael não tinha agredido ela, mas que “tinha medo de retornar até a casa para pegar suas coisas, já que ele teria dado um prazo de 45 horas para que ela retirasse tudo”.

Nesse momento, segundo o boletim, a polícia se ofereceu para ir com ela ao apartamento, mas ela disse que só conseguiu caminhão para cinco dias depois e que iria para a casa de uma amiga.

Volta ao apartamento
A polícia, então, foi até a casa de Rafael Ribeiro para “saber sua versão dos fatos”. “Para surpresa desta guarnição policial, a sra. Lívvia também se encontrava no apartamento, onde alegou que não teria feito contato com a Polícia Militar”.

Os dois desceram para falar com a polícia e ela foi questionada sobre ter voltado para o local, e disse que “mesmo ficando na casa da amiga, tinha que pegar algumas roupas”.

Os militares perguntaram a Rafael se ela poderia ir retirar suas coisas, ele disse que sim, e os dois voltaram para dentro do apartamento juntos.

Menos de duas horas depois, a PM voltou a ser acionada, desta vez com a denúncia de que dois estampidos de arma de fogo tinham sido ouvidos. Chegando ao local, os militares encontraram Lívvia caída e Rafael Ribeiro “caído sentado escorado na parede com uma arma de fogo em uma das mãos”. Os dois com tiros na cabeça, já sem sinais vitais.

Investigações
A Polícia Civil disse que “trabalha com a hipótese de eventual feminicídio seguido de suicídio, o que deverá ser confirmado ou não no curso das investigações”.

Na tarde de quarta, dia do crime, a Polícia Civil informou que esteve no local para os primeiros levantamentos periciais e que as investigações estão em andamento. Os corpos foram encaminhados para o Posto Médico Legal, em João Monlevade por volta das 18h.

Na manhã de quinta-feira (22), a Polícia Civil informou que está com a investigação sob sigilo e irá divulgar as informações somente com a conclusão do inquérito.

Os corpos, encaminhados para o Posto Médico Legal, em João Monlevade, passaram por exames e foram liberados.

‘Estava sofrendo ameaças’
Um dia antes de a cantora e influenciadora Lívvia Bicalho ser encontrada morta, outro ex-namorado conversou com ela pelo telefone e ouviu que ela estava sofrendo ameaças de Rafael Ribeiro.

O ex-namorado Alan Marmute, de 38 anos, também disse ao G1 que Lívvia já tinha terminado o relacionamento com Rafael. A última foto em que os dois aparecem juntos na rede social da influencer é do dia 4 de março. Ela também não seguia Rafael nas redes sociais, o que indica que tinha rompido com ele.

“Ela estava sofrendo ameaças do ex-companheiro dela e eu a orientei que procurasse a delegacia para tentar medida protetiva”, conta Marmute, que disse ter continuado amigo de Lívvia depois que terminaram o relacionamento de quatro meses, no fim de 2019.
Alan Marmute namorou Lívvia por quatro meses, no fim de 2019, mas amizade continuou. — Foto: Arquivo pessoal
Alan Marmute namorou Lívvia por quatro meses, no fim de 2019, mas amizade continuou. — Foto: Arquivo pessoal

Em uma das várias conversas pelo telefone, Alan disse que Lívvia comentou que estava preocupada, falou das ameaças que vinha sofrendo do seu ex-companheiro, Rafael Ribeiro, de 39, mas não entrou em detalhes sobre essas ameaças.

Ela também disse a ele queria mudar de João Monlevade, na Região Central de Minas, para “conquistar uma cidade maior”.

“Hoje a gente sabe que na verdade ela queria se mudar por outros motivos”, acredita Alan.
Ele diz que sempre vai se lembrar da menina alegre e batalhadora que ela era:

“Uma das pessoas mais alegres que já conheci. Ela tinha o dom de ajudar, coração tamanho do mundo e ajudava a todos, famílias e amigos. Muito batalhadora. Assim que vou me lembrar dela, alegre, cantando e ajudando a galera”.

G1

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